É de conhecimento geral que o planeta Terra tem maior parte de sua superfície coberta por água. De acordo com o site do SENAI, São Paulo, a área coberta por água equivale a 360,6 milhões de Km², ou seja 70,7%, enquanto a área seca ocupa 149,7 milhões km², 29,3%. Portanto, além da preocupação em registrar e documentar os levantamentos topográficos, é necessário se preocupar em realizar, registrar e documentar os levantamentos batimétricos, que consistem na medição de uma determinada massa de água (mares, rios, lagos), também conhecido como “topografia do mundo submerso”.
Desenvolver a cartografia para a análise de áreas submersas, a fim de assegurar a navegação, sempre foi um desafio. As cartas náuticas, por exemplo, podem ter suas informações batimétricas facilmente desatualizadas devido à dinâmica dos sistemas hídricos, logo o registro frequente de informações, geradas por esse serviço, é muito importante, além de possibilitar comparações e análises futuras.
O que é batimetria?
Trata-se do conjunto dos princípios, métodos e convenções usados para determinar a medida do contorno, da dimensão relativa da superfície submersa dos mares, rios, lagos, represas e canais. É expressa cartograficamente por curvas batimétricas que unem pontos da mesma profundidade com equidistâncias verticais, semelhante às curvas de nível topográfico. No entanto, ao invés de traçar elevações, como na topografia, a batimetria fornece as distâncias entre a superfície e o fundo em cada quadrante da área levantada. Saber a profundidade e topografia desse fundo permitirá, a quem desenvolve um projeto, avaliar, por exemplo: quanto de rejeito de mineração aquela área pode abrigar, a quantidade de material necessário para construir uma estrutura, se uma região é navegável ou não, assim como o impacto que a navegação pode trazer em termos de deslocamento de corpo d’água. Os levantamentos batimétricos iniciam-se com a coleta de dados no local, que servem para criar a modelagem 3D.

Como é realizado um levantamento batimétrico?
Tradicionalmente, para realizar um levantamento batimétrico, eram necessários cabos que eram submersos e medidos ponto a ponto, até cobrir toda a área de relevância. Porém, devido ao tempo gasto durante esse processo e as correntes fluviais que afetam os cabos e, consequentemente, diminuem a precisão do levantamento, essa técnica necessitou de aprimoramento. Atualmente, com ajuda das tecnologias de computação, sensores digitais, satélites e georreferenciamento, o processo ficou muito mais rápido e preciso. Assim como a busca de informação para executar a batimetria, de forma gratuita, se tornou mais fácil.
Um site bem interessante para quem quer ter acesso gratuito e fácil ao conteúdo de batimetria é o da General Bathymetric Chart of the Oceans (GEBCO), uma organização ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) que oferece gratuitamente mapas, com alta qualidade, dos oceanos do nosso planeta.
Depois de coletar os pontos, é possível processar os dados em um software específico para isso, no qual são realizadas correções de distorções criadas a partir da transmissão de ondas em corpos d’água, assim como os cálculos para a geração dos mapas. O processamento dos dados, que é a etapa posterior ao levantamento, é crucial para a construção de mapas a fim de auxiliar e desenvolver projetos envolvendo corpos d’água.

Atualmente, esses mapas podem ser integrados com outras tecnologias cartográficas e modelagem 3D para fornecer uma visão ainda mais precisa da superfície submersa.
Topobatimetria
O levantamento topobatimétrico é o processo que objetiva a determinação do leito submerso do reservatório, assim como da sua parte seca, entre os níveis de operação atual e a sobrelevação máxima do nível da água.
Usualmente, a execução do levantamento da área molhada é feita a partir do posicionamento com o GPS, em conjunto com a utilização de ecobatímetros, que medem a profundidade. Já o levantamento da parte seca pode ser realizado por meio de GPS, técnicas topográficas convencionais, restituição aerofotogramétrica, perfilamento laser ou interferometria radar.
É comum também integrar ao mesmo projeto (planta final) um levantamento aerofotogramétrico com um VANT (conhecido popularmente como drone) a um levantamento batimétrico com um ecobatímetro. Levantando tanto a área seca quanto a área molhada.

Ecobatimetria
A partir do ecobatímetro, que é o principal equipamento, é possível iniciar a ecobatimetria. Esse equipamento possibilita a medição da profundidade de uma determinada área, a partir de uma fonte emissora de sinais e um relógio que fica dentro do próprio equipamento. O relógio mede o intervalo entre o momento da emissão de sinal e o instante em que o eco retorna ao sensor, isso permite que o sensor capte informações e crie curvas isobatimétricas.
As principais vantagens da ecobatimetria são:
· Possibilidade de conexão com outros equipamentos como, por exemplo, GNSS, DGPS, ADPs, ADCPs e microcomputadores gravando digitalmente os dados coletados;
· Permite o registro contínuo do leito;
· Utilização praticamente em todas as situações de velocidades e o processo é realizado em movimento.

Tipos de Ecobatímetro
Existem dois tipos de ecobatímetros, os monofeixes e os multifeixes. O multifeixe mede a profundidade de diversos pontos ao mesmo tempo e, com isso, é capaz de fornecer os valores das profundidades e a medida de toda a área de forma rápida e precisa, diferente da tecnologia monofeixe que só mede a profundidade de um ponto por vez. Por conta disso, o Centro de Hidrografia da Marinha do Brasil (CHM), por exemplo, exige a utilização de sistemas multifeixe para levantamentos hidrográficos de categoria A.
Quem pode fazer um levantamento batimétrico?
Apenas podem realizar levantamentos batimétricos quem tem formação e habilitação técnica e autorização prévia da diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha (DHN).
Aplicações da Batimetria
· Apoio a navegação;
· Controle de assoreamento de reservatórios;
· Acompanhamento de serviços de dragagem;
· Levantamento de seções transversais para estudos de vazão;
· Identificação de profundidades para implantação de obras civis;
· Licenciamento ambiental para fins de obras futuras;
· Em obras de engenharia como construção de barragens, reservatórios, hidrelétricas, portos e pontes.
Principais Produtos da Batimetria
· Mapas topobatimétricos 2D e 3D;
· Plantas batimétricas vetoriais e raster;
· Ecogramas e perfis batimétricos;
· Atualização de cartas náuticas;
· Atualização de curvas cota x área x volume;
· Modelos 3D georreferenciados.
Redator: Pedro Henrique Peixoto Revisão: Larissa Goulart
REFERÊNCIAS:
GEOURBE. Batimetria, mas afinal qual é a finalidade? Para que é usada? Disponível em <https://geourbe.com.br/batimetria-mas-afinal-para-que-serve/#:~:text=Batimetria%20é%20a%20medição%20da,mesma%20profundidade%20com%20equidistâncias%20verticais.> Acesso 11 maio. 2021.
GEOPESQUISA. Levantamento batimétrico. Disponível em <http://www.geopesquisa.com.br/levantamento-batimetrico.html#:~:text=Para%20realizar%20o%20levantamento%20batimétrico,sobre%20barcos%20tripulados%20ou%20não.> Acesso 11 maio. 2021.
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SALT. Batimetria. Disponível em <https://www.saltambiental.com.br/geofisica/batimetria/> Acesso 11 maio. 2021.
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